As Nossas Raizes

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Biografia : MCK

Nasceu em 1982 em Luanda, ganhou notoriedade. A guarda pretoriana de José Eduardo dos Santos matou, a 26 de Novembro de 2003, Arsénio Sebastião "Cherokee", 27 anos, por cantar "A téknica, as kausas e as konsekuências" de MCK, também conhecida como o "Sei lá o quê, uáué". Por sua vez, Cherokee tornou-se num símbolo da injustiça em Angola, onde o poder mata cidadãos, como quem abate coelhos numa caçada desportiva, e com satisfação. Esse facto trouxe à tona a insustentável leveza do poder. Uma ditadura de mais de um quarto de século estremece ao som improvisado da verdade. A estrofe "quem fala a verdade vai p'ro caixão", acabou por ser o único elo de entendimento entre o cantor, a vítima e os carrascos (o poder). o rapper MCKappa (ou MCK) é uma espécie de voz quase solitária em sua Angola.
Por suas letras virem carregadas de denúncias sociais e alertando para a democracia ditatorial imposta em seu país, MCK já sofreu ameaças. Já o quiseram calar. Mas ele não se intimidou. “A música é um instrumento de luta”, prega na abertura de seu CD Nutrição Espiritual (Masta K Produsons), o segundo da carreira. Nela, ele defende ainda que o rap angolano tem de trazer a própria identidade, a própria cara, “a fotografia da voz”. “Para que imitar o 50 Cent?”, chega a questionar. Segundo ele, em Angola, não existem muitos rappers nessa linha mais revolucionária. Grande parte deles prefere continuar a copiar o modelo de rapper criado pelo americano, que exalta as festas, as mulheres.
Em cada faixa, MCK traça um pouco do retrato de quem vive na favela angolana - que não é muito diferente da realidade de quem mora na favela de qualquer lugar do mundo. Por isso, as agruras contadas e rimadas por ele se tornam tão universais. Em Atrás do Prejuízo, fala da luta diária por trabalho, por sobrevivência. “Eu vou sorrir pra não chorar é mais um dia na minha vida”, diz no refrão. Alerta que a democracia não cai do céu em O Silêncio também Fala, numa referência direta aos governantes de Angola, onde a liberdade de expressão é controlada e o totalitarismo, velado. Longe de ser um rap de entretenimento, desses que ouvimos a toda hora nas rádio, Nutrição Espiritual é um CD de letras diretas, fortes. Não indicado para estômagos sensíveis.
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2 comentários:

  1. Kurto bwé do K. Em mim desempenho um papel preponderante na construção da minha consciência crítica.

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