Ambos em 2006, fez despertar a curiosidade e por ocasião do lançamento do seu primeiro trabalho “Eu Não Das Palavras Troco a Ordem” em 2008 não são poucos os que estão de atenções voltadas para a mais recente aquisição da editora Matarroa. Por isso, Nerve nunca dorme. Tem a retina queimada das luzes néon, flashes, alta velocidade, fumo e sirenes. O turbilhão que é a cidade tomou-o de assalto e quis moldá-lo à sua imagem e semelhança.
Mas o processo não correu bem. A solidão, a angústia e a loucura levam à mistura de realidade com paranóia que faz de ENPTO um estupefaciente que vicia logo à primeira audição. É contraditório, caótico, é o desespero de um psicopata que se quer reencontrar consigo próprio e redescobrir a sua faceta humana há muito perdida. Nerve não se preocupa. Nerve é um detective sublime. Um galã tão desarmante como detestável.
Um assassino contratado com medo da própria sombra. Um super-herói de sentimentos elevados e fantasias condenáveis. O falhado que olha para a vida como um comboio há muito perdido… É, no final do dia, um romântico irrecuperável que não compreende quando é que a vida lhe trocou as voltas. Só uma coisa é certa, a culpa nunca é dele. A paisagem interior que Nerve cria não está deserta, pelo contrário, encontra-se pontilhada de participações igualmente geniais.
Martinêz abre novamente a caixa de Pandora, Stray faz vibrar a primeiríssima faixa de Halograma alguma vez editada em CD, Blasph estala os dedos e alarga o colarinho enquanto acompanha Nerve num ‘trabalho’ por encomenda e Viruz é a desafiante counterpart num show de flow e skill. Notwan marca a sua presença inconfundível com os instrumentais mais detalhadamente excêntricos, embora a produção esteja maioritariamente a cargo do próprio Nerve, com uma marcante aparição de SP & Wilson. Nerve é tudo aquilo que cada um de nós é enquanto espera pelo autocarro, quando sai do emprego, quando está na fila do supermercado. Com doses extra de adrenalina à mistura. (Texto Por: Joana Nicolau)...